VICENTE ’12 + ’13 Rever para crer… dito e refeito!

VICENTE 2012 traz novas ideias para dar corpo a mito fundador da identidade de Lisboa. A segunda edição deste projecto de história e cultura urbana inclui uma intervenção na Travessa do Marta Pinto pelos arquitectos MOOV em parceria com o artista Miguel Faro, uma instalação de desenho por André Graça Gomes na Ermida de N. Sra. da Conceição e um programa de passeios sob o mote do romantismo, pelos actores-performers Nelson Guerreiro e João Abel.

Entre Setembro e Novembro de 2012, Belém volta a dar corpo a uma das histórias mais desconhecidas da nossa identidade, conferindo novas nuances nos valores eternos de VICENTE.

O projecto VICENTE teve início em 2011 com um conjunto de instalações de arte pública originais (Simeon Nelson, Jana Matejkova, João Ribeiro, Nuno Maya e Carole Purnelle, André Banha), um projecto de joalharia (Alexandra Corte-Real), a edição de uma publicação de referência sobre o mito (ver anexo) e um programa de passeios situacionistas (Nelson Guereiro e João Abel). Esgravatada a riqueza do mito vicentino, VICENTE propõe em 2012 uma programação a dois tempos, para os próximos dois anos.

Dar sequência a VICENTE em 2012 e 2013 é uma aposta na continuidade e no sucesso do conceito cultural e urbano que veio dar aos Corvos de Lisboa e ao Mito de Vicente outras cores e sentidos contemporaneous. O projecto propõe uma revisão criativa e empreendora do imaginário da cidade, sob o mote Rever para crer… dito e refeito!

Os artistas participantes – MOOV e Miguel Faro no espaço público; André Graça Gomes na capela; Alexandra Corte-real na Joalharia e Guereiro e Abel nos passeios – respondem pelo seu carácter e engenho, todos fazendo da arte um jogo de transfigurações irresistíveis. Capazes de manifestar a sua imaginação nos materiais mais perecíveis e comuns, mas sempre com sentido de escala e comunicação com o público, estes criadores vão ao encontro das premissas do PROJECTO TRAVESSA DA ERMIDA: dar a ver Belém e Lisboa com outros olhos, ao mesmo tempo que, elevando-nos nas asas de VICENTE, vislumbramos a utopia no horizonte.

Este programa de horizonte bianual estabelece um compromisso do PROJECTO TRAVESA DA ERMIDA com a identidade da cidade de Lisboa e da zona de Belém em particular, integrando o panorama dos seus agentes mais dinâmicos. Concebido para se integrar em diferentes momentos na programação cultural da cidade, permite potenciar colaborações, sinergias, apoios e patrocínios, desejando-se que proporcione lógicas de co-produção não apenas nacionais, mas também internacionais.

Num quadro da maior contenção orçamental, as duas próximas edições de VICENTE apostam nas parcerias executivas, na entreajuda institucional, na formação informal e na criação colaborativa. É neste espírito que o investimento na arte pública, em edições experimentais que valorizam a nossa cultura e os passeios que contribuem para a formação humana de forma gratuita procuram sugerir estratégias originais de inovação. O interesse do Projecto não se resume ao campo da arte e do design; expande-se para questões transversais que hoje se impõem, da vocação profundamente turística da nossa Capital (filão socio-económico longe de esgotado) ao seu sentido cultural como espaço de renovação espiritual em tempo de crise (uma vocação de Lisboa que nunca é demais recordar).

VICENTE 2012 é o regresso ao mito (entre)visto em 2011: a barca, os corvos, o brasão no estandarte de Lisboa…; mas agora por via de um trabalho de aprofundamento sobre o jogo dos símbolos. A ideia é jogar com os elementos mais imediatos e perceptíveis da história, tornando o Mito de Vicente mais próximo de gerações que o desconhecem. Na prática, sublinha potencialidades plásticas (Preto/Branco, Forma/Fundo) absolutamente comuns, demonstrando como é eterno o seu fascínio e particularmente feliz a sua convocação para relembrar este mito cósmico e cíclico.

VICENTE 2013 explana o programa de 2012 na vertente da provocação estética. Para que as ideias não se ‘institucionalizem’ demasiado, recorre-se a artistas imprevisíveis, divertidos e agora… coloridos. Onde a edição de 2012 é essencialmente de orientação semiótica (e cognitiva), a de 2013 é a festa da cor, celebrando o lado mais festivamente performativo de VICENTE. A edição culmina de forma celebratória a contribuição pluridisciplinar que o PROJECTO TRAVESSA DA ERMIDA tem vindo a oferecer a Lisboa, fechando um primeiro ciclo da afirmação do VICENTE como projecto cultural inclusivo.

Em 2012 e 2013 vão surgir mais surpresas que ‘repetições’. Ambos os programas procuram evitar as ‘receitas’ – não repetindo o modelo ‘obra de interior/obra de fachada/obra ao longo da rua/passeios/edição’ que deu forma à primeira edição. Surgem novas plataformas efémeras (para além das conversas), soluções projectuais imprevistas e sobretudo diversas abordagens da arte na rua, potenciadas pela multiplicação das possibilidades formais da ideia. Os próximos VICENTES – essencialmente um total 12 objectos/eventos – testam os limites do conceito de maneira a que dele se retire algo de mais directamente instrumental e estratégico – nomeadamente para o público-alvo, que nos próximos anos se alarga (mais ainda) a jovens e comunidades específicas. Neste sentido, há um alargamento das vertentes visitas guiadas/passeios, envolvendo a comunidade escolar de Lisboa; a par de uma sequência de momentos de conversas extraordinárias com especialistas em vários campos do saber (Semiologia, Sociologia, Teoria dos Sistemas, Antropologia, Teoria Cultural), convocados para a transdisciplinariedade vicentina.

Os VICENTES 2012 e 2013 vêm na sequência de uma filosofia de programação original e estruturada por parte da ERMIDA, o que é notável num quadro de contínuas alterações na cultura em Portugal. É esta estabilidade que, à sua pequena escala, permitirá que, em 2014 ou 2015, possamos ir à procura de parcerias verdadeiramente refundadoras do modelo testado – já noutro patamar de internacionalização. Até lá, o objectivo é simples. Nos próximos dois anos, levar mais pessoas a Belém, Lisboa, para se habituarem a este VICENTE. Todas as cor(es), formas, símbolos, narrativas e argumentos nestes VICENTES geram uma empatia mediática e ao nível do marketing, mas esperamos, sobretudo, que possam mais: recolocar o símbolo renovador na memória colectiva (de onde tem andado arredado). Projecto TRAVESSA DA ERMIDA

Vicente,Vicente 2012

Rever para crer

  • MOOV e Miguel Faro (espaço público); André Graça Gomes (ermida); Alexandra Corte-real (Joalharia), Guereiro e Abel (passeios psicográficos)
  • 08 Set 2012 - 11 Nov 2012
  • Curadoria:Mário Caeiro

  

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