Programa
Nam June Paik, Jud Yalkut, Charlotte Moorman
TV Cello Premiere
1971, 7’25’’
TV Cello Premiere é um filme mudo que documenta a primeira performance de Charlotte Moorman na TV Cello (TV Violino) epónima de Paik na Galeria Bonino, em Nova York, em 1971.
Shigeko Kubota
Rock Video: Cherry Blossom
1986, 12’54’’
A versão single-channel da instalação de Kubota com o mesmo nome, Rock Video: Cherry Blossom é uma fusão lírica da natureza e tecnologia. Ramos de flores de cerejeira cor-de-rosa gravados contra um vivido céu azul são o ponto de partida para este sensual haiku visual. Através da aplicação fluida de processamentos electrónicos, Kubota sobrepõe, digitaliza, retarda, colora e finalmente abstrai as flores de cerejeira, criando transmutações poéticas do espaço e imagem. A hipnotizante e inesperada espirituosa confluência das serenas flores e os energéticos efeitos de imagem – a transformação do orgânico em electrónico – é por excelência Kubota.
Muntadas
Alphaville e outros
2011, 9’18’’
“Alphaville,” um bairro de condomínios fechados em São Paulo, é o principal local de Alphaville e outros de Muntadas, que examina o fenómeno das “comunidades fechadas”, e como o medo e a procura por exclusividade levaram ao isolamento urbano e exclusão.
O trabalho tem como referência o filme de 1965 Alphaville de Jean-Luc Godard (a partir do qual o nome do bairro de São Paulo derivou), uma visão sci-fi distópica de um futuro urbano totalitário. Cenas a preto e branco do filme de Godard são justapostas com promoções quase utópicas da Brasileira “Alphaville”, animações digitais, filmagens de câmaras de segurança, e imagens de piscinas, campos de ténis e jardins dos bairros de São Paulo. Muntadas apresenta uma Arquitectura do espaço baseada na retórica e mecanismos de medo e controlo; as imagens recorrentes das cercas maciças sugerem as defensivas paredes medievais que em tempos rodeavam as cidades.
Carolee Schneemann
Water Light/Water Needle
1966-2009, 11’13’’
O clássico trabalho aéreo “Kinetic Theatre” de 1966 de Schneemann foi pela primeira vez encenado na Igreja St. Mark em Bowery, com oito intérpretes movendo-se aleatoriamente numa teia de cordas e roldanas. Um de dois registos vídeo desta influente performance, encenada ao ar livre, em árvores e ao longo da superfície do lago. As sequências foram dirigidas por Schneemann.
Filmagem original: John Jones, Sheldon Rocklin.
Sondra Perry
Black Girl as a Landscape
2010, 9’44’’
Neste vídeo single-channel, a câmara gira lentamente pela silhueta do corpo de uma figura (Dionne Lee) enquadrada horizontalmente à medida que esta se aproxima ou se distancia da lente. A sua respiração, piscar de olhos, e subtis movimentos tornam-se enormes eventos. Enquanto a distância entre o seu corpo e a câmara diminui, os detalhes do seu vestido e cara são ampliados e reconhecidos em eruptivos mas ainda assim subtis momentos de beleza. Simultaneamente abstracto e representacional, o vídeo articula o declarado interesse de Perry na possibilidade da abstracção como forma de criar dimensionalidade e autonomia para corpos marginalizados. Ao mesmo tempo, a silhueta do corpo de uma mulher negra é reminiscente do trabalho de Kara Walker, uma das mais importantes influências de Perry, bem como os trabalhos históricos de arte e cinema que exploram, se não objectificam, o corpo feminino como “paisagem”. Em contraste, Black Girl as a Landscape de Perry termina com um close-up do olho da performer – um iridescente branco digital contra o preto da sua cara – que aborda e desafia o olhar do espectador e da câmara.
Performer Dionne Lee.