O Projecto VICENTE é dedicado ao mito (ibérico) fundador da cidade de Lisboa: a lenda de S. Vicente. VICENTE é animado pela revisão crítica e construtiva do mito do santo padroeiro e da figura dos corvos de Lisboa, propondo uma actualização criativa e refundadora do imaginário de Lisboa. VICENTE é um projecto independente de cultura urbana que, numa matriz multidisciplinar e transdisciplinar, faz dialogar diversas expressões e linguagens artísticas contemporâneas, referências artísticas que remontam aos séculos XV, XVI e XVII e variadas linhas de investigação e pensamento teórico. Criado no seio da actividade do Projecto Travessa da Ermida, VICENTE formaliza-se numa programação nacional e internacional que, entre 2011 e 2018, percorre oito anos dedicada às artes e ao pensamento, reunindo nomes distintos do universo artístico e académico.
Com curadoria de Mário Caeiro, curador, investigador e professor na ESAD.CR (Escola Superior de Artes e Design – Caldas da Raínha), a programação anual, no seu todo integrando o programa municipal “Lisboa na Rua / Com’Out Lisbon” da EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, E.M), abrangeu a criação e produção de obras de arte apresentadas na Ermida N. Sra. da Conceição e na Travessa do Marta Pinto, em Belém, por artistas como André Banha, André Graça Gomes, Sandra Baía, Xana, Isabel Baraona, ± maismenos ±, João Fonte Santa, Dominik Lejman, Régis Perray, Simeon Nelson, Alessandro Lupi, Nino Alfieri, entre outros, a par das quais foram editadas um conjunto de publicações transdisciplinares de foro artístico, ensaístico e académico, autoradas por António de Castro Caeiro, Luísa Antunes Paolinelli, Paulo Almeida Fernandes, Peter Hanenberg, Vítor Manuel Adrião, Idalina Conde, José Eduardo Franco, José Tolentino de Mendonça, José Sarmento de Matos, entre tantos.
Através de uma inovadora abordagem dos campos da mitologia e da iconologia, bem como da promoção de criação e reflexão contemporâneas radicalmente desassossegadas, o objetivo do acervo plástico e ensaístico – além de tornar presente uma bela história – é tornar mais próxima do grande público a multidimensional narrativa vicentina, a qual se perde na noite dos tempos.
Em 2018, o projecto expande-se para o Museu Arquelógico do Carmo, com a apresentação da obra site-specific de Sandra Baía N 38º42’43.668” W 9º8’21.946”, no âmbito do pré-lançamento do livro VICENTE. Símbolo de Lisboa. Mito Contemporâneo. Em 2019, sucede-se a grande exposição VICENTE – O Mito em Lisboa, no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, na qual participaram todos os artistas envolvidos no projecto durante cerca de uma década. Com cerca de 1 000 m2 de área expositiva (interior e exterior), tratou-de de um acontecimento inusitado, seja pela escala, seja pela original linguagem expositiva.
No contexto desta exposição, foi lançada em livro a obra exaustiva VICENTE. Símbolo de Lisboa. Mito Contempoâneo, com o selo da Theya Editores, volume com 496pp., consistindo na reunião de uma selecção de textos teóricos produzidos entre 2011 e 2018 (alguns sendo objecto de revisão, actualização ou edição, para melhor servir uma narrativa coerente) e um rico acervo de imagens reproduzindo criação artística, organizados em cinco núcleos temáticos – Mito, Ícone, Lugar, Corpo Ser –, quais clusters de problemáticas complexas
