FUSO 2016

Nam June Paik, Jud Yalkut, Charlotte Moorman,
Shigeko Kubota, Muntadas, Carolee Schneemann e Sondra Perry
– INTERMIX 45 / EAI – Um Tributo e Celebração do 45º Aniversário –

O FUSO – Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa apresenta em 2016 no Projecto Travessa da

Ermida um programa que homenageia os 45 anos de uma das mais relevantes instituições de vídeo-arte no mundo, a Electronic Arts Intermix (EAI).

A EAI é uma instituição sem fins lucrativos sediada em Nova Iorque, dedicada a promover a criação, promoção, distribuição e exibição da arte da imagem em movimento, e que tem uma das mais extensas colecções de trabalhos de vídeo e media. O seu arquivo tem mais de 3700 obras de arte que vão desde 1960 até ao presente, compreendendo obras marcantes de figuras pioneiras a trabalhos media e digitais de uma nova geração de artistas como Bruce Nauman, Gary Hill, Joan Jonas, Muntadas, entre outros.

Em 2016, a EAI celebra o seu 45º aniversário em 2016. Esta programação é a primeira na Europa a assinalar a data. A exposição, que assinala o início do FUSO, terá curadoria de Lori Zippay, directora executiva da EAI, contando também com a colaboração de Irit Batsry, artista dedicada ao vídeo e instalações, premiada com o prestigioso Whitney Biennial Bucksbaum Award em 2002.

Este programa destaca uma área historicamente significante mas menos conhecida dos programas da EAI: as instalações da EAI para edição de vídeo dos artistas, um dos primeiros espaços criativos para vídeo nos Estados Unidos da América. Ao longo de cinco décadas, um extraordinário número de artistas usou as instalações da EAI para criar trabalhos que contribuíram para as diversas historias alternativas da arte media.

Programa

Nam June Paik, Jud Yalkut, Charlotte Moorman

TV Cello Premiere

1971, 7’25’’

TV Cello Premiere é um filme mudo que documenta a primeira performance de Charlotte Moorman na TV Cello (TV Violino) epónima de Paik na Galeria Bonino, em Nova York, em 1971.

 

Shigeko Kubota

Rock Video: Cherry Blossom

1986, 12’54’’

A versão single-channel da instalação de Kubota com o mesmo nome, Rock Video: Cherry Blossom é uma fusão lírica da natureza e tecnologia. Ramos de flores de cerejeira cor-de-rosa gravados contra um vivido céu azul são o ponto de partida para este sensual haiku visual. Através da aplicação fluida de processamentos electrónicos, Kubota sobrepõe, digitaliza, retarda, colora e finalmente abstrai as flores de cerejeira, criando transmutações poéticas do espaço e imagem. A hipnotizante e inesperada espirituosa confluência das serenas flores e os energéticos efeitos de imagem – a transformação do orgânico em electrónico – é por excelência Kubota.

 

Muntadas

Alphaville e outros

2011, 9’18’’

“Alphaville,” um bairro de condomínios fechados em São Paulo, é o principal local de Alphaville e outros de Muntadas, que examina o fenómeno das “comunidades fechadas”, e como o medo e a procura por exclusividade levaram ao isolamento urbano e exclusão.

O trabalho tem como referência o filme de 1965 Alphaville de Jean-Luc Godard (a partir do qual o nome do bairro de São Paulo derivou), uma visão sci-fi distópica de um futuro urbano totalitário. Cenas a preto e branco do filme de Godard são justapostas com promoções quase utópicas da Brasileira “Alphaville”, animações digitais, filmagens de câmaras de segurança, e imagens de piscinas, campos de ténis e jardins dos bairros de São Paulo. Muntadas apresenta uma Arquitectura do espaço baseada na retórica e mecanismos de medo e controlo; as imagens recorrentes das cercas maciças sugerem as defensivas paredes medievais que em tempos rodeavam as cidades.

 

Carolee Schneemann

Water Light/Water Needle

1966-2009, 11’13’’

O clássico trabalho aéreo “Kinetic Theatre” de 1966 de Schneemann foi pela primeira vez encenado na Igreja St. Mark em Bowery, com oito intérpretes movendo-se aleatoriamente numa teia de cordas e roldanas. Um de dois registos vídeo desta influente performance, encenada ao ar livre, em árvores e ao longo da superfície do lago. As sequências foram dirigidas por Schneemann.
Filmagem original: John Jones, Sheldon Rocklin.

 

Sondra Perry

Black Girl as a Landscape

2010, 9’44’’

Neste vídeo single-channel, a câmara gira lentamente pela silhueta do corpo de uma figura (Dionne Lee) enquadrada horizontalmente à medida que esta se aproxima ou se distancia da lente. A sua respiração, piscar de olhos, e subtis movimentos tornam-se enormes eventos. Enquanto a distância entre o seu corpo e a câmara diminui, os detalhes do seu vestido e cara são ampliados e reconhecidos em eruptivos mas ainda assim subtis momentos de beleza. Simultaneamente abstracto e representacional, o vídeo articula o declarado interesse de Perry na possibilidade da abstracção como forma de criar dimensionalidade e autonomia para corpos marginalizados. Ao mesmo tempo, a silhueta do corpo de uma mulher negra é reminiscente do trabalho de Kara Walker, uma das mais importantes influências de Perry, bem como os trabalhos históricos de arte e cinema que exploram, se não objectificam, o corpo feminino como “paisagem”. Em contraste, Black Girl as a Landscape de Perry termina com um close-up do olho da performer – um iridescente branco digital contra o preto da sua cara – que aborda e desafia o olhar do espectador e da câmara.
Performer Dionne Lee.

  

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