Alquimia (na Tasca)

A exposição “popula” a Ermida – que pela parecença ou oposição direta a uma Tasca – como lugar de “culto” historicamente vem testemunhando todos os momentos da sociedade com seus habitantes incógnitos-comuns-passantes ocasionais e turistas acidentais.

Outrora lugar de comunicação e desabafo entre populares anónimos (ou não), vivem agora uma “indiferença colectiva” gerada pelos novos media em cada bolso (ou bolsa), preenchendo o espaço com um silêncio ensurdecedor, só interrompido por vezes por relatos de futebol, que – pasme-se – é o único momento atualmente em que se gera uma subtil comunicação entre desconhecidos (ou não) frequentadores do mesmo espaço, segundo constata Nelson.

Cardoso, com sua normal lucidez e desembaraço, mas como que se de um estudo do fenómeno sociológico actual se tratasse, instala a sua Tasca com trinta e uma “pessoas” e dois gatos – construções em cartão canelado e outros, reutilizando os desperdícios da sociedade – que, numa mesma atitude de desperdício do “outro”, vivem a ilusão generalizada da comunicação virtual gigantesca e abrangente, porém incrivelmente solitária, silenciosa, mas repleta de “amigos virtuais”, repetindo pela ausência de cor nas quatro esculturas especificamente concebidas para esta instalação.

Zambeze Almeida

Alquimia (na Tasca)

  • Nelson Cardoso
  • 11 Março 2017 - 7 Maio 2017
  • Escultura/Instalação
  • Curadoria:Zambeze Almeida

  

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